Pois é, nem sempre o básico pra uma pessoa é óbvio para outra. As diferenças culturais fazem a gente dar uns foras que nos deixam em maus lençóis.
O importante é saber como se comportar, coisa que nenhum livro ensina – se você conhecer algum, diga-me, por favor!
Escrevi este texto pensando nisso, nos micos que a gente paga quando não conhece a variedade cultural e de códigos de comportamento. Algumas dessas particularidades culturais podem ser:
1. Aperto de mão ou beijo?
Na dúvida, estenda a mão. Em situações de trabalho ou num evento formal, o interlocutor vai te dar a dica se espera um beijo ou um aperto de mão. É só ficar atento. Se ele se aproxima ou se faz menção de beijar ou dar a mão.
Se for beijo, aqui na Espanha são dois! Normalmente quando há uma mulher, dá-se beijo.
Acontece que você vê várias pessoas em um cumprimento diferente, como um “meio-abraço”. Não arrisque fazê-lo com pessoas que não conheça. Fica forçado e não se aplica a uma reunião de trabalho.
2. Na hora da negociação
Por herança da colonização portuguesa e de imigrantes de países árabes (sírios, libaneses, armênios e judeus …) as negociações de brasileiros são feitas de forma indireta, e expor as opiniões sem fazer um pouco de rodeios pode ser uma atitude rude.
Nos países da América Latina funciona como no Brasil.
Na Espanha é o contrário: não precisa ser brusco, mas quanto mais enrolar, menos vão ter paciência de te ouvir. E não estranhe se a pessoa cortar o assunto e acabar a reunião. Ele acha que o importante já foi dito e o resto é isso mesmo… resto.
Nós brasileiros temos o hábito de dar a entender muitas coisas, e aqui na Espanha, o “dar a entender” é diferente, é bem mais direto.
Melhor dizer tudo o que quer com educação, do que insinuar ou fazer alguma brincadeira com sentido duplo. Insinuação é uma das piores saídas que um brasileiro pode usar, pois os espanhóis perguntam diretamente “o que você quer dizer com isso?” e o que era pra ser uma brincadeira ou piada, acaba ficando chato.
3. Falar de assuntos pessoais
Brasileiro é bom contador de causo, né? A gente adora “contar”. E acaba contando sobre sua vida pessoal a pessoas desconhecidas, que talvez não veja nunca mais. Isso não quer dizer que amanhã você possa pendurar um broche de “melhor amigo”. Isso só significa que você pegou o outro pra Cristo.
Mas os espanhóis demoram pra contar algo pessoal. Primeiro tem que ter um porquê, uma conexão e, pelo menos no âmbito profissional, isso leva tempo.
Das duas uma: ou a gente aprende que eles vão cortar a conversa com cortesia, ou a gente fica indignado dizendo que os espanhóis são mal-educados. A escolha é nossa. Só não vale dizer que você não sabia.
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